segunda-feira, 1 de abril de 2013

As vantagens de ser invisível

Eu li esse livro, que chama 'As Vantagens de Ser Invisível' (The Perks of Being a Wallflower). Eu já tinha visto o filme antes, com a Emma Watson e o Ezra Miller, mas ainda assim o livro é muito legal. É sobre um menino chamado Charlie, que escreve cartas sobre a vida dele pra um desconhecido, e não manda endereço pra resposta. A vida dele é meio triste, porque o melhor amigo dele se matou, e ele não tem outros amigos. Aí ele conhece um menino que chama Patrick, e a irmã dele, Sam, e os três viram amigos, e é mais ou menos isso. Eu não sei contar história, me deixa. O livro é mais legal do que parece.
Talvez você esteja se perguntando porque se chama 'as vantagens de  ser invisível'. Se você não estiver, tudo bem, a gente finge que você tá. Enfim, é porque o Charlie vê as coisas, entende elas, e mantem silencio sobre elas, portanto ele é um invisível. Yeah.
Enfim, no meio do livro tem uma poesia, que na verdade não é bem uma poesia, mas a gente finge que é. Eu gostei muito, porque foi a primeira poesia que eu consegui entender. Quer dizer, essa é a tradução, então sei lá, talvez em inglês pareça mais uma poesia. Ah, e não tem pontuação. Então, é isso aqui:

Em uma folha de papel amarelo com linhas verdes,
ele escreveu um poema
e o intitulou ‘chops’
porque era o nome do seu cão
e era o que estava em toda a parte
E seu professor lhe deu um A
e uma estrela dourada
E a sua mãe o abraçou á porta da cozinha
e leu o poema para as tias
Era o ano em que o padre Tracy
levava todas as crianças ao zoológico
E ele deixou que cantassem no ônibus
E sua irmãzinha tinha nascido
com unhas minúsculas e nenhum cabelo
E sua mãe e seu pai se beijaram tanto
E a garota da esquina mandou pra ele um cartão de Dia dos Namorados assinado com vários X
e ele teve de perguntar ao seu pai o que significava X
E seu pai deixou que ele dormisse na sua cama á noite
E era sempre lá que ele dormia

Em uma folha de papel com linhas azuis
ele escreveu um poema
E o intitulou ‘Outono’
porque era o nome da estação
E era o que estava em toda a parte
E seu professor lhe deu um A
e o pediu para escrever com mais clareza
E sua mãe não o abraçou á porta da cozinha
por causa da pintura nova
E as crianças disseram a ele
que o padre Tracy fumava cigarros
E largava as guimbas no banco da igreja
E ás vezes elas faziam buracos
Era o ano de sua irmã usar óculos
com lentes grossas e armação preta
E a garota da esquina riu
quando ele pediu pra ver o Papai Noel
E os garotos perguntaram por que
a mãe e o pai se beijavam tanto
E seu pai não o cobria mais na cama á noite
E seu pai ficou furioso
quando ele chorou por isso

Em um pedaço de papel de seu caderno
ele escreveu um poema
E o intitulou ‘Inocência: Uma Questão’
porque a questão era sobre uma garota
E isso estava em toda a parte
E seu professor lhe deu um A
e um olhar muito estranho
E sua mãe não o abraçou á porta da cozinha
porque ele nunca o mostrou a ela
Foi o primeiro ano depois da morte do padre Tracy
E ele esqueceu como terminava
o Creio em Deus Pai
E ele pegou a irmã
se agarrando na porta dos fundos
E sua mãe e seu pai nunca se beijavam
nem mesmo conversavam
E a garota da esquina
usava maquiagem demais
O que fez ele tossir quando a beijou
mas ele a beijou mesmo assim
porque era a coisa certa a fazer
E as três da manhã ele se aninhou na cama
seu pai roncava alto.

É por isso que no verso de uma folha de papel pardo
ele tentou outro poema
E o intitulou de ‘Absolutamente Nada’
Porque era isso que estava em toda parte
E ele se deu um A
e um corte em cada maldito pulso
E se encostou na porta do banheiro
porque nessa hora ele não pensou
que poderia alcançar a cozinha
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DRAMÁTICA A COISA, NÉ?

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